quarta-feira, 1 de julho de 2015

MEIO AMBIENTE E COMPORTAMENTO HUMANO - ATIVIDADE PARA 02/07/2015

"DEPENDE DE NÓS
SE ESSE MUNDO AINDA TEM JEITO
APESAR DO QUE O HOMEM TEM FEITO
SE A VIDA SOBREVIVERÁ..."

   Leia o texto de Ignácio Loyola Brandão, escritor brasileiro contemporâneo, onde ele apresenta uma visão clara da sociedade moderna, mostrando estar em consonância com a época em que vive.Na narrativa a seguir, este autor emprega uma linguaguem concisa e direta, ao analisar o comportamento humano, de forma sutil, irônica e crua.

O HOMEM QUE ESPALHOU O DESERTO

   Quando menino, costumava apanhar a tesoura da mãe e ia para o quintal, cortando folhas das árvores.Havia mangueiras, abacateiros, ameixeiras, pessegueiros e até mesmo jabuticabeiras. Um quintal enorme, que parecia uma chácara e onde o menino passava o dia cortando folhas. A mãe gostava, assim ele não ia para a rua, não andava em más companhias. E sempre que o menino apanhava o seu caminhão de madeira (naquele tempo, ainda não havia os caminhões de plástico, felizmente) e cruzava o portão, a mãe corria com a tesoura: tome filhinho, venha brincar com as suas folhas. Ele voltava e cortava. As árvores levavam vantagem, porque eram imensas e o menino pequeno. O seu trabalho rendia pouco, apesar do dia-a-dia constante, de manhã à noite. 
     Mas o menino cresceu, ganhou tesouras maiores. Parecia determinado, à medida que o tempo passava, 
a acabar com as folhas todas. Dominado por uma estranha impulsão, ele não queria ir à escola, não queria ir ao cinema, não tinha namoradas ou amigos. Apenas tesouras, das mais diversas qualidades e tipos. Dormia 
com elas no quarto. À noite, com uma pedra de amolar, afiava bem os cortes, preparando-as para as tarefas do dia seguinte. Às vezes, deixava aberta a janela, para que o luar brilhasse nas tesouras polidas. 
    A mãe, muito contente, apesar do filho detestar a escola e ir mal nas letras. Todavia, era um menino 
comportado, não saía de casa, não andava em más companhias, não se embriagava aos sábados como os 
outros meninos do quarteirão, não freqüentava ruas suspeitas onde mulheres pintadas exageradamente se 
postavam às janelas, chamando os incautos. Seu único prazer eram as tesouras e o corte das folhas. 
    Só que, agora, ele era maior e as árvores começaram a perder. Ele demorou apenas uma semana para 
limpar a jabuticabeira. Quinze dias para a mangueira menor e vinte e cinco para a maior. Quarenta dias para o abacateiro que era imenso, tinha mais de cinqüenta anos. E seis meses depois, quando concluiu, já a 
jabuticabeira tinha novas folhas e ele precisou recomeçar. 
    Certa noite, regressando do quintal agora silencioso, porque o desbastamento das árvores tinha 
afugentado pássaros e destruído ninhos, ele concluiu que de nada adiantaria podar as folhas. Elas se 
recomporiam sempre. É uma capacidade da natureza, morrer e reviver. Como o seu cérebro era diminuto, ele demorou meses para encontrar a solução: um machado.
    Numa terça-feira, bem cedo, que não era de perder tempo, começou a derrubada do abacateiro. Levou 
dez dias, porque não estava habituado a manejar machados, as mãos calejaram, sangraram. Adquirida a 
prática, limpou o quintal e descansou aliviado. Mas insatisfeito, porque agora passava os dias a olhar aquela 
desolação, ele saiu de machado em punho, para os arredores da cidade. Onde encontrava árvore, capões, 
matos, atacava, limpava, deixava os montes de lenha arrumadinhos para quem quisesse se servir. Os donos 
dos terrenos não se importavam, estavam em via de vendê-Ios para fábricas ou imobiliárias e precisavam de tudo limpo mesmo. 
    E o homem do machado descobriu que podia ganhar a vida com o seu instrumento. Onde quer que 
precisassem derrubar árvores, ele era chamado. Não parava. Contratou uma secretária para organizar uma
agenda. Depois, auxiliares. Montou uma companhia, construiu edifícios para guardar machados, abrigar seus operários devastadores. Importou tratores e máquinas especializadas do estrangeiro. Mandou assistentes
fazerem cursos nos Estados Unidos e Europa. Eles voltaram peritos de primeira linha. E trabalhavam, 
derrubavam. Foram do sul ao norte, não deixando nada em pé. Onde quer que houvesse uma folha verde, lá estava uma tesoura, um machado, um aparelho eletrônico para arrasar. 
    E enquanto ele ficava milionário, o país se transformava num deserto, terra calcinada. E então, o
governo, para remediar, mandou buscar em Israel técnicos especializados em tornar férteis as terras do
deserto. E os homens mandaram plantar árvores. E enquanto as árvores eram plantadas, o homem do 
machado ensinava ao filho sua profissão.


PARTE 1 - ESTUDO DO TEXTO

1) O narrador participa da história:
(    ) sim               (    ) não

2) Quantos parágrafos há no texto?
(    ) 10                          (    ) 8                                     (    ) 9

3) Reescreva as frases, substituindo as palavras ou expressões destacadas pelos sinônimos do quadro:


exterior - espantado - pegar - insignificante - experientes
  



a) O desbastamento das árvores tinha afugentado os pássaros.
b) O seu cérebro era diminuto.
c) Chegaram máquinas do estrangeiro.
d) Eles voltaram peritos de primeira linha.
e) Costumava apanhar a tesoura da mãe e ia para o quintal. 

4) Escreva uma frase empregando o verbo apanhar em sentido diferente do que foi usado no texto. 

5) Assinale as características do personagem principal:
(    ) compulsivo 
(    ) alegre
(    ) obsessivo               
(    ) destruidor
(    ) amigo do meio ambiente      
(    ) de inteligência diminuta 

6) Responda: 
a) O narrador diz que “naquele tempo, ainda não havia os caminhões de plástico, felizmente”. O que   ele quis dar a entender com a palavra felizmente
b) O narrador afirma que o cérebro do personagem era diminuto e que ele demorou a encontrar uma solução. Que relação o autor pretende estabelecer entre a destruição da natureza e a inteligência? 
c) Descreve o quintal antes e depois da ação do garoto, mostrando o contraste. 
d) Tu gostaste do texto? Por quê? 
e) Releia o trecho que mostra como a mãe se comportava em relação às atitudes do filho. Na tua opinião, que influência teve a mãe na educação do menino? 
f) Que ensinamentos podemos tirar da leitura deste texto? 
g) Existe relação entre o texto e a realidade em que vivemos? Explique. 

7) Observe a frase: As árvores eram imensas, e o menino pequeno
a) Que palavras indicam contraste, isto é, têm sentido oposto? 
b) Agora, escreve palavras que indiquem idéias contrárias às seguintes: 
"...afugentando pássaros": 
"...destruindo ninhos":
"...as árvores levavam vantagem": 

PARTE 2 – Produção de Texto
Crie um texto oposto a esse, ou seja, que traga uma mensagem positiva sobre o homem e o meio ambiente.

PARTE 3 – Acentuação
1) Justifique uso do acento das seguintes palavras retiradas do texto:
 árvores -
até -
você-
só - 


2) Retire do texto 3 proparoxítonas: 

3) Relaciona:
(1) oxítona                                                                                                                          (2) paroxítona                         
(3) proparoxítona      


(   ) menor
(   )natureza
(   )folhas
(   )fábricas
(   ) perder
(   ) buscar
             
PARTE 4

1- Identifique o significado, no texto, das palavras em destaque.

a) "Dominado por uma estranha impulsão..."

b) "....onde as mulheres pintadas exageradamente se postavam às janelas, chamando os incautos.."

c) "Onde encontrava árvore, capões, matos, atacava, limpava."

d) "...o país se transformava num deserto, terra calcinada."

2- Explique como o personagem da narrativa criou o hábito de cortar folhas de árvore com uma tesoura.

3- A mãe do menino não se preocupava com aquela obsessão do filho.Por quê?

4-  Ao dizer que o menino tinha crescido e, desde então, usava tesouras maiores, o que o autor nos sugere?

5- Obcecado por aquela mórbida motivação de acabar com as folhas de todas as árvores, o protagonista da narrativa evitava a escola, as diversões, não tinha amigos nem namorada.Que tipo de ser humano ele havia se tornado?

6- Apesar de ver o filho, com aquele costume bizarro,a mãe continuava feliz.Por quê?

7- Na sua opinião, ao impedir o filho de sair para a rua, a mãe obteve sucesso na função de educadora?Por quê?

8- Assim como o personagem do texto, há pessoas que estão preocupadas somente consigo próprias e, alheias aos danos causados à sociedade, só pensam em enriquecer?Qual a sua opinião a esse respeito?

9- Apesar de o texto representar uma narrativa de ficção, você vê alguns fatos relacionados à vida real?Comente suas ideias.